sexta-feira, 2 de abril de 2010

Memorial de Leitora


Quando foi mesmo?


A literatura entrou na minha vida quando iniciei na escola. Eu nem sabia ler ainda, mas aquele livrinho colorido com aquela garota que usava uma linda capa vermelha e carregava um cesto de doces ainda está em minha memória, sim, era a Chaupeuzinho Vermelho, ela era maravilhosa, principalmente com aquela capa de cor vibrante. Talvez seja daí que tenha surgido minha paixão por casacos e capas longas.

Lembro também que, quando consegui minhas primeiras leituras, chorei no momento em que li a história do Patinho Feio, coitadinho dele, quanta injustiça com um pobre animal pequeno, mas ainda bem que a história teve um final feliz.

Bem, daquele tamanho eu já fazia meus levantamentos, podia ser a capa da Chapeuzinho Vermelho ou o Patinho Feio, que na verdade eu achava bem bonito, mas naquela idade já sabia expressar minha opinião e, certamente, foi a literatura que integrou isso na minha vida.

Depois, quando cresci, avançando no Ensino Fundamental, eu já escolhia os livrinhos na biblioteca e eram aqueles de gravuras grandes e coloridas com crianças bonitas que chamavam a minha atenção. Será que isso poderia ser um influência negativa da Chapeuzinho Vermelho?

Confesso que no final do Ensino Fundamental eu só fazia de conta que pegava os livros para ler, realmente não sei o que se passava pela minha cabeça. A minha concepção era igual a de alguns alunos de hoje, preferindo outras coisas e deixando a literatura de lado.

Já no Ensino Médio a literatura retornou, pois eu já era mocinha e me apaixonava pelos livros de romance e pelos garotos também, é claro.

Lembro das receitas maravilhosas do livro Como Água para o Chocolate de Laura Esquivel, pois foi nessa parte de minha vida que comecei a gostar de culinária. Eu testava as receitas de mniha mãe, imaginando ser a própria personagem Tita, que era obrigada e esquecer de seu grande amor. Tal imaginação era percebida porque minha mãe não deixava que eu saísse de casa com minhas amigas, muito menos que eu tivesse um namoradinho, ou seja, era obrigada a esquecer de meu "grande amor".

Mais tarde, entrei na Universidade, no curso de Letras. O primeiro livro que li foi Valsa para Bruno Stein de Charles Kiefer. Eu havia gostado tanto do livro que, anos depois, consegui trazer o autor desse romance para a Feira Cultural e Líterária de minha cidade. Na verdade, isso é uma grande prova do valor que a literatura tem em minha vida, o romance, a trama, o suspense e o humor são realmente fascinantes, assim, queremos compartilhar com os outros o mundo surreal que a leitura nos traz.

Ainda na Faculdade, conheci os autores russos, então percebi a imensidão que a literatuara possui. Recordo quando eu e minhas colegas acabávamos de ler os contos de Dotoiévski e Tchecov, cada uma queria falar mais que a outra. Nossa, naquela época eu já apreciava a literatura clássica mundial e eu falava isso de boca cheia as outras pessoas.

É claro que eu não posso deixar de falar do livro que realemnte marcou minha trajetória na literatura: Como Capitu poderia trair Bentinho? Ela não o amava? Os dois lutaram contra tudo e contra todos para ficarem juntos e a traição poderia ter acontecido? Eu não conseguia e nem queria acreditar nisso! Como o autor poderia ter deixado tal dúvuda? Será que eu deveria ter frequentado um centro espírita para saber essa informação com Machado de Assis? Ainda hoje, discute-se em Seminários de Literatura sobre essa dúvida.

Que bom que nenhum autor não era, e nem é, igual ao outro, pois dessa forma o meu interesse sempre continuava e, ainda continua, pois a magia, os contos de fada, as histórias extraordinárias, o suspense, a alegria, o romance e a beleza fazem parte de nossa vida.O encantamento da literatura convive conosco diariamente, pois assim imaginamos outras coisas, outro mundo, outras experiências.

Agnes J. Muck

MINHA BIOGRAFIA




Nasci em 17 de março de 1977, em Taquara, Rio Grande do Sul. Há 33 anos moro em Três Coroas com meus pais Ivanir Muck e Waldemar Muck.

Cursei a escola normal até o Ensino Fundamental, depois, no Ensino Médio, fiz Curso Técnico em Contabilidade no Colégio Estadual 12 de Maio, concluindo os estudos em 1993. Nesse tempo, também trabalhei num escritório de contabilidade.

Em 1994 realizei a prova de vestibular para Administração de Empresas na FCCAT, mas não cursei. Já em 1995, fiz a prova para Nutrição, ficando como suplente. Então, no meio do ano de 1996 realizei a prova para Letras-Português na UNISINOS, onde concluí meus estudos no ano de 2005. Durante esse período, também participei como uma das autoras do livro "Românticos, Parnasianos e Simbolistas juntos na eternidade do verso",publicado pela editora da universidade no ano de 2001.

No ano de 2006, iniciei minha Pós-Graduação: Especialização em Gramática e Ensino da Língua Portuguesa, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 2007, concluí meus estudos atingindo Conceito A em todas as disciplinas.

Iniciei minha carreira profissional no magistério em 2007, como Professora de Língua Portuguesa das séries do Ensino Fundamental, no Colégio Estadual 12 de Maio, o mesmo da minha adolescência. Em 1998, passei a lecionar para o ensino médio.

Em 2006, após ser aprovada em concurso público, também passei a fazer parte do quadro do magistério do município de Três Coroas.

No ano de 2007 passei a atender como Coordenadora de Língua Portuguesa das escolas municipais de minha cidade, cargo este que ocupo até hoje.

Também neste ano, comecei a fazer parte da organização da Feira Cultural e Literária de Três Coroas, espaço no qual apresento os espetáculos e realizo o bate-papo com os autores literários convidados.

Em 2009, realizei outro concurso na cidade, o qual fez com que eu saísse do quadro de professores do magistério estadual, por não poder ocupar três matrículas públicas.

Também em 2009, fui Professora Formadora de Língua Portuguesa no Programa de Formação Continuada / Gestar II - MEC na cidade de Três Coroas.

Neste mesmo ano, também fui convidada a trabalhar no Programa Projovem do Governo Federal, onde leciono as disciplinas de Língua Portuguesa, Síntese Integradora e Informática.

Ainda em 2009, recebi o prêmio de Menção Honrosa Agenda Paranhana 2020 com o projeto Gêneros Textuais e o Fascínio das Histórias Extraordinárias realizado na Escola Águas Brancas, onde trabalho.

Essas atividades que exerço são realizadas com dedicação, independente de local, turno, posição ou classe social, pois são todos os dias que um grupo enorme de crianças e adultos fica aguardando a minha presença, para uma aula diferente, um sorriso, um bate-papo, um pouco de atenção, um incentivo e, até mesmo, um gesto de carinho.
Agnes J. Muck

domingo, 14 de março de 2010

TP 2 - ANÁLISE LINGUÍSTICA E ANÁLISE LITERÁRIA

Nesta aula, para iniciarmos, trabalhamos com conceitos de frase e construção de orações.
Em seguida, vimos um pouco de Gramática e seus sentidos.
Para isso, cada cursista organizou o seu "Circuito Fechado"

Produção Textual Professora Gorete

Desperatador. Marco Artur, seio, fralda, pijama, fralda, roupas, chinelo de pelo, porta, mochila, carro, beijo, cobertor. Cama. Despertador, celular. Banheiro, vaso, creme e escova, toalha, pijama, calça, blusa, meia e calçado. Xícara, café e leite, banana, mamão, lanche. Banheiro, escova e creme dental, água, pia, toalha.
Estojo, protetor solar e labial. Calçado. Bolsa, chave, porta, rua. Casas, árvores, rios, alunos, carros, ônibus, topic, natureza. Pátio, escola, sala dos professores. Garrafa e água. Sinal, material, chave, alunos, sala. Turma, alunos, chamada, matéria, quadro. Recreio. Lanche, conversa, jornal, chimarrão. Sinal, chave, alunos, sala, chamada, matéria, quadro-negro. Sinal. Carona. Casa. Pratos, talheres, almoço. Banheiro, creme e escova, sabonete, toalha, protetor. Bolsa, chaves, carro. Rua e trânsito. Escola estadual, sofá. Materiais, garrafa e água. Sinal. Chaves, porta, sala. Oração, chamada, canetão, conteúdo, brincadeira. Merenda, recreio, xícara, café com leite, cadeira, conversa, amigos, fruta, bolacha, banheiro. Sinal. Rua, alarme, chave, carro. Relógio, academia, tempo, minutos, roupas adequadas, aquecimento, exercícios de braço, perna, alongamento, tempo esgotado. Chave, carro, rua. Escola de Educação Infantil, crianças, Marco Artur, mochila, conversa. Carro, cadeirinha de bebê, caminho, casa. Chave, alarme, mochilas, bebê. Brinquedos, brincadeiras, dvd, mamada. Banheira, água, sabonete, xampu, toalha, fralda, pijama, emia. Cadeirinha, comida, chá medicamentos. Mochila, roupa de frio e calor, dia seguinte. Mamada, soninho. Chimarrão, banho, pijama. Café, leite, pão, requeijão, linguiça, fruta. Atividades escolares, correção, leitura, planejamento. Banheiro, escova, creme dental, água, fio dental. Abajur, edredon, oração, sono, sono, oração, choro, mamada, sono. Desperatdor...

TP 1 LINGUAGEM E CULTURA

VARIANTES LINGUÍSTICAS / TP 1

Nesta aula trabalhamos com dialetos, registros e as variantes linguísticas.

Produção das cursistas: Adriana, Paula e Cassiane
Variante social e regional
Gênero Carta

Sinhora Porfessora

Professora, meu fio Vardemar num vai pudê i pra aula hoji, casqui ele pegô uma pesti di gripi das braba. Acordô di noiti tudu suado caropa tudo moiada de suó. Casa disso levei o piá no dotô lá no posto de saude. Seu dotô receitô um tar de nervalgina e um comprimido para modele si recuperá. Também mandô dá muito chá de foia de laranjera.
Si num fô pidi muinto, si tivé argum trabaio quiria quele pudese fazê dispois pra modele num si prejudicá nas nota. O dotô vai fazê um testado pra cumprova p que tô dizendo.
Gradeço tensão
Camelinda Junqueira

Produção das cursistas Carine e Rejane
Variante reginal
Gênero Poesia

TRISTE SINA

Aqui pros lado do Sul
Muitas histórias tenho pra contar
Dos tempos que eu passeava para campear
Pra uma formosa alemoa conquistar.

Nos Fandangos gaudérios os machos vinham inticar
Essa alemoa é das brabas, ela vai te judiar
Me sentia um guasca sem fronteiras
E o meu amor resolvi guardar.

Ela me amarrou de revesgueio
E o casório logo veio
Com o passar do tempo me ingrupiu feio
Me deixando num só desvaneio.

Creendios pai! Por tempo fiquei incebando
Até minha tripas inôzá
Toda noite em outro rancho ela ia pozá
Seria essa a alemoa que iria me atorá?

Certo dia juntei do gaurda-roupa um chumaço
Com medo da coça de laço
A alemoa baixou a sua cabeça e saiu inquietada
Tchuco e pestiado de alma fui dar uma vortiada.

Mas acredite!
Pra minha triste sina
Vi a alemoa na esquina
Com uma lambisgoia assanhada
Deus livre! Um gaúcho perder a sua prenda
Para outra desgarrada!

domingo, 15 de novembro de 2009

TP5 ESTILÍSTICA

Produção das cursistas:

Por que a galinha pulou a cerca?

CAETANO: Pulou a cerca? É? ...Pulou pela atual conjuntura ... até as galinhas né...? São lindas e engraçadas essas galinhas ...

LUCIANO HUCK: Ei você aí de casa! A galinha pulou a cerca porque o galinheiro estava caindo! Nós vamos dar um novo galinheiro, uma SUPER GRANJA! Está entrando no ar LAR DOCE LAR!

ROBERTO CARLOS: São tantas emoções! As emoções né bicho! Fazem a galinha pular a cerca!

FAUSTÃO: Oh loco meu! Nas vídeo-cassetadas uma galinha pra lá de abusada, pulou a cerca meu! Porque nesse país nem galinheiro funciona!

SÍLVIO SANTOS: Ha haê.. hi hi hi... A galinha pulou a cerca porque queria dinheiro ha haê!!!

sábado, 10 de outubro de 2009

O GESTAR DE TRÊS COROAS

Professoras Cursistas:

Professora Gorete da E.M.E.F Rui Barbosa
Professora Carmem da E.M.E.F Duque de Caxias
Professora Carine da E.M.E.F. Olavo Bilac e Águas Brancas
Professora Rejane da E.M.E.F Fernando Ferrari
Professora Paula da E.M.E.F. Marechal Cândido Rondon
Professora Cassiane da E.M.E.F. Marechal Cândido Rondon
Ps. Faltou na nossa a Professora Diva da E.M.E.F. Frederico Ritter,pois estava de atestado médico.

Texto de avaliação da Cursita Carine Setti:

AVALIAÇÃO: Desculpe-me a audácia, mas não haveria outra forma de avaliar o GESTAR. Utilizei o gênero textual que mais marcou nesse período de curso.

DIAS INESQUECÍVEIS
Aula, dever, oficina
PAPELADA
Troca, dinâmica, inspiração
GARGALHADA
Do "Pânico" de Veríssimo
Ao tempo bem quisto
PALHAÇADA
Do trágico xote
No jornal recorte
ATRAPALHADA
Pausa pro café...
Análise dos Narradores de Javé
VIDA DANADA
Choros no memorial
Recruta apaixonado foi real
LETRADA
Momentos nunca antes vivido
Se antes ele, eu tivesse lido
EMOCIONADA
TPS, chimarrão, concurso
EMPOLGADA
Coordenadora prestativa e dedicada
ORGANIZADA
Gesto, gestação, Gestar
GESTARADA
Gêneros, experiências, vidas
Pra sempre ...
GUARDADAS.
Carine Setti

LEITURA E PROCESSO DE ESCRITA - TP 4

ATIVIDADE MARCANTE: MEMORIAL EM GRUPO




Após assistirem ao filme Narradores de Javé, as cursitas realizaram um memorial em grupo, ressaltando a alfabetização e o letramento.

A inspiração veio dos comentários da cursista Carine que relatou a respeito de seu avô:


MEMORIAL DE UM RECRUTA APAIXONADO

O som das teclas da máquina de datilografia me atraiu para a saleta central do exército, de onde saía toda a correspondência oficial e que mantinha todos informados sobre a Segunda Guerra Mundial, O jeito do datilógrafo e seu domínio com a escrita me impressionavam e aguçavam minha curiosidade sobre aquelas letras que desconhecia, até então.
Meu interesse em conhecer e compreender esse código tão diferente daquele código morse , utilizado por nós ao transmitirmos a situação durante a dura revolução,que aumentava cada vez mais.
Durante minha difícil infância não aprendi a ler nem a escrever. Até os meus oito anos vivi sob cuidados do meu pai, pois a minha mãe veio a falecer ao me dar luz. Nessa fase da minha vida, eu trabalhava na roça, cenário, no qual, meu pai seria morto por um tiro traiçoeiro, tendo como causa um amor impossível. A partir de então, fui criado por terceiros, os quais se achavam meus donos, me obrigando às tarefas braçais, que iam além de meus esforços. Assim sendo, nunca pude estudar, pois nunca tive acesso àquela escola, que fisicamente era tão próxima à minha realidade.
Lembro bem era do cheiro da batata-doce assada no forno à lenha e servida todas as manhãs, acompanhada com chimarrão, do qual eu só degustava as sobras.
Durante os anos que seguiram, somente aguardei o momento de completar dezoito anos e me alistar para o exército, assim ficaria livre da vigilância, buscando uma vida mais digna, Quando fui chamado para o Batalhão de Porto Alegre, fiquei lisonjeado por poder honrar minha pátria e sentir-me útil, porém deixaria minha terra natal e Luisa Pressi, minha amada.
Foi pensando nela que o som das teclas me encorajou de ir até ao escrivão para solicitar sua ajuda, com a finalidade de manter contatos. Expliquei-lhe meu desejo como pouco de timidez e receio da resposta negativa que poderia receber. Porém, para minha surpresa e felicidade, o datilógrafo, cujo nome não recordo, fez um sinal positivo com a cabeça.
Todas as noites de folga, que não passavam de duas noites semanais, eu me diria àquela saleta, cujo cheiro me mantinha acordado e mais vivo do que nunca. Ao datilógrafo, agora amigo, eu confessava meus mais verdadeiros sentimentos. Tornava-se meu cúmplice a cada carta datilografada. Todas elas eram começadas da mesma forma: “Minha Amada Luisa...”. A ela contava sobre minha alegria ao servir meu país e, pela primeira vez, sentir-me útil e importante, agora eu era alguém. Falava da minha saudade, do medo de um ataque surpresa, da verde e linda farda. Narrava os exaustivos treinos, o cansaço físico e o sonho de um dia retornar e constituir uma família. Sempre pedia a ela que me esperasse.
Durante os dias intermináveis, eu tentava lembrar da última carta que eu mandava, pois como eu não sabia ler, rapidamente minhas palavras se desvaneciam de minha memória. Foi quando, certa vez, surgiu em meus pensamentos a dúvida, o medo e o ciúme. Será que o amigo datilógrafo escrevia tudo o que eu lhe confessava? Como eu o admirava! Ele tinha a sorte, o poder de escrever, o dom da palavra. Eu nunca tinha certeza de que ele escrevia tudo o que eu ditava. E se ele estivesse aproveitando a situação para conquistar minha Luísa?
Foi este ciúme e esta desconfiança que fazia de meu amigo um herói, uma inspiração para mudar a minha vida no exército. Certa noite, tomei coragem e perguntei se ele teria paciência e a vontade de ensinar um recruta apaixonado a ler e a escrever. Nesta noite, passei a admirá-lo ainda mais, pois ele não só prometeu a ensinar-me a ler e a escrever, como também prometeu a ensinar a habilidade de datilografar.
Meus dias, a minha vida nunca mais seria a mesma diante das palavras. Que universo maravilhoso eu descobrira. A primeira palavra que aprendi a escrever foi AMADA, palavra que iniciava todas as minhas cartas. O dia em que consegui escrever a primeira carta jamais esqueci. Foi em um papel pequeno, daqueles de bloco. Eu estava em minha cama exibindo-me diante dos demais. A caneta deslizava aos trancos e as lágrimas umedeciam o papel. Ao redor das palavras, no espaço que sobrava, eu não me contive, desenhei o que mais via e ouvia nos últimos tempos, aviões soltando mísseis e expulsões. Entre esses, um avião irrompia um coração de fumaça com o nome Luísa bem ao centro dele.
Assim foi por muito tempo, a escrita fazia de mim o recruta mais feliz e entusiasmado do exército. Pouco sabia eu que isso não era tudo, outras surpresas e delícias aconteciam. O sargento, certo dia, chamou-me em sua repartição e fez o convite que tornou-me um homem orgulhoso, um orgulho de minha pessoa, que eu levaria comigo até os últimos dia de minha vida: Fui escolhido para ajudar nas correspondências do nosso quartel. Este dia compensou todos os outros que fazia de mim um homem minimizado, Minha vida já valia a pena. Fui muito aplaudido pelos demais cabos que contavam para os outros a minha história.
Ao final da guerra fui dispensado,todos voltavam a terra natal, ou de origem. Eu, sem perder tempo, sem casa e sem família, fui a procura de minha Luisa. E lá estava ela, dispensamos todo aquele início de um namoro, toda uma paquera, pois isto foi muito bem resolvido através das palavras. Nos casamos e eu, pela primeira vez, tive o prazer de uma família, como manda a tradição. Tivemos seis filhos que ouviam diariamente a nossa história. Virei um contador de causos. Todos diziam que eu falava pelos cotovelos. Tornei-me um homem forte, batalhador e com muita vontade de viver.
As cartas? Estão guardadas à chave, em um baú de madeira que fica ao pé da cama. Não só elas, mas como toda a minha vida história, minhas confissões, minha ortografia, o som das teclas, o cheiro do quartel, o sabor do papel e um amor que durou a vida inteira pela sorte e a magia de descobrir o poder das palavras.


Recruta Apaixonado