Quando foi mesmo?
A literatura entrou na minha vida quando iniciei na escola. Eu nem sabia ler ainda, mas aquele livrinho colorido com aquela garota que usava uma linda capa vermelha e carregava um cesto de doces ainda está em minha memória, sim, era a Chaupeuzinho Vermelho, ela era maravilhosa, principalmente com aquela capa de cor vibrante. Talvez seja daí que tenha surgido minha paixão por casacos e capas longas.
Lembro também que, quando consegui minhas primeiras leituras, chorei no momento em que li a história do Patinho Feio, coitadinho dele, quanta injustiça com um pobre animal pequeno, mas ainda bem que a história teve um final feliz.
Bem, daquele tamanho eu já fazia meus levantamentos, podia ser a capa da Chapeuzinho Vermelho ou o Patinho Feio, que na verdade eu achava bem bonito, mas naquela idade já sabia expressar minha opinião e, certamente, foi a literatura que integrou isso na minha vida.
Depois, quando cresci, avançando no Ensino Fundamental, eu já escolhia os livrinhos na biblioteca e eram aqueles de gravuras grandes e coloridas com crianças bonitas que chamavam a minha atenção. Será que isso poderia ser um influência negativa da Chapeuzinho Vermelho?
Confesso que no final do Ensino Fundamental eu só fazia de conta que pegava os livros para ler, realmente não sei o que se passava pela minha cabeça. A minha concepção era igual a de alguns alunos de hoje, preferindo outras coisas e deixando a literatura de lado.
Já no Ensino Médio a literatura retornou, pois eu já era mocinha e me apaixonava pelos livros de romance e pelos garotos também, é claro.
Lembro das receitas maravilhosas do livro Como Água para o Chocolate de Laura Esquivel, pois foi nessa parte de minha vida que comecei a gostar de culinária. Eu testava as receitas de mniha mãe, imaginando ser a própria personagem Tita, que era obrigada e esquecer de seu grande amor. Tal imaginação era percebida porque minha mãe não deixava que eu saísse de casa com minhas amigas, muito menos que eu tivesse um namoradinho, ou seja, era obrigada a esquecer de meu "grande amor".
Mais tarde, entrei na Universidade, no curso de Letras. O primeiro livro que li foi Valsa para Bruno Stein de Charles Kiefer. Eu havia gostado tanto do livro que, anos depois, consegui trazer o autor desse romance para a Feira Cultural e Líterária de minha cidade. Na verdade, isso é uma grande prova do valor que a literatura tem em minha vida, o romance, a trama, o suspense e o humor são realmente fascinantes, assim, queremos compartilhar com os outros o mundo surreal que a leitura nos traz.
Ainda na Faculdade, conheci os autores russos, então percebi a imensidão que a literatuara possui. Recordo quando eu e minhas colegas acabávamos de ler os contos de Dotoiévski e Tchecov, cada uma queria falar mais que a outra. Nossa, naquela época eu já apreciava a literatura clássica mundial e eu falava isso de boca cheia as outras pessoas.
É claro que eu não posso deixar de falar do livro que realemnte marcou minha trajetória na literatura: Como Capitu poderia trair Bentinho? Ela não o amava? Os dois lutaram contra tudo e contra todos para ficarem juntos e a traição poderia ter acontecido? Eu não conseguia e nem queria acreditar nisso! Como o autor poderia ter deixado tal dúvuda? Será que eu deveria ter frequentado um centro espírita para saber essa informação com Machado de Assis? Ainda hoje, discute-se em Seminários de Literatura sobre essa dúvida.
Que bom que nenhum autor não era, e nem é, igual ao outro, pois dessa forma o meu interesse sempre continuava e, ainda continua, pois a magia, os contos de fada, as histórias extraordinárias, o suspense, a alegria, o romance e a beleza fazem parte de nossa vida.O encantamento da literatura convive conosco diariamente, pois assim imaginamos outras coisas, outro mundo, outras experiências.
Agnes J. Muck